Estilos de Lapidação: Desvendando a Arte que Transcende o Tempo e Revela a Beleza das Gemas

Você já parou para pensar na jornada de uma pedra preciosa, desde seu berço geológico até se tornar uma joia deslumbrante no seu pescoço ou no seu dedo?
O que realmente faz essas pedras se destacarem?
Os estilos de lapidação desempenham um papel central nessa transformação, sendo uma arte milenar que combina precisão técnica com criatividade para realçar o brilho e a cor intrínsecos de cada gema.
Hoje, vamos desvendar os estilos de lapidação, explorando sua história, técnicas avançadas e como escolher o corte perfeito para sua próxima joia.
A História da Lapidação: de Artesãos Antigos à tecnologia de Ponta

A história do homo sapiens começa no período Neolítico da pré-história, também conhecida como Idade da Pedra. Você sabe por que se chama idade da pedra?
Estes nossos ancestrais, provavelmente, perceberam que algumas pedras pipocavam quando caíam no fogo e ficavam com bordas afiadas. Ou que eram muito duras e difíceis de quebrar.
De qualquer jeito, não demorou para perceberem que pedras mais duras podiam ser usadas para “ajustar” pedras mais moles com o intuito de dar utilidade a estas. Foi o começo da lapidação.
Outro fenômeno natural que não podemos deixar de citar é que pedras dentro de rios não tinham as bordas afiadas como as citadas acima.
Esse homem da pré-história sabia que algo além da água “arrendondava” as pedras nos leitos dos rios.
De fato, os primeiros cortes eram rudimentares, mas com o passar do tempo, a lapidação evoluiu.
Em 5000 a.C., artesãos da antiga Suméria trabalhavam com uma forma primitiva de vidro. Já em 3000 a.C., eram comuns cilindros de serpentina, uma pedra com dureza 3 na escala de dureza de Mohs, que vai de 1 a 10. Livros indianos de 2300 a.C. citam uma espécie de lapidação para formar esferas.
Mais interessante é o fato que, em maior ou menor grau, diferentes civilizações, mesmo sem ter contato entre si, e vários séculos antes do nascimento de Cristo, desenvolveram ferramentas e métodos para lapidação: chineses, japoneses, astecas, maoris, gregos, indianos, escoceses.
Um material muito utilizado era o jade (dureza 6,5 a 7). Mas quando descobriram o quartzo (dureza 7), com sua grande variedade de cores e brilho mais intenso que o jade, até começaram a atribuir propriedades místicas a estas pedras.
Vale citar que cada civilização tinha que valorizar o que estava a seu alcance: assim, além do jade e do quartzo, peças antigas eram feitas de:
- Âmbar (Afeganistão, Marrocos e países bálticos);
- Turquesa (egípcios, persas, tibetanos, índios americanos);
- Coral (Tibet, China, Índia, norte da África),;
- Obsidiana (astecas, maias), entre outras pedras mais específicas.
Alguns escritos indianos antigos dão conta que em 400 a.C. rubis, safiras, espinélios, esmeraldas e granadas já eram trabalhados numa forma bem básica de lapidação. Os rubis eram apenas polidos, por serem considerados acima das outra pedras, e as demais eram transformadas em uma forma rudimentar de cabochões ou facetadas.
Hoje, a tecnologia permite cortes ainda mais precisos e complexos.
De acordo com um estudo publicado no “Journal of Gemmology” (2019), o uso de lasers e máquinas CNC (Controle Numérico Computadorizado) revolucionou o setor, permitindo tolerâncias de até um micrômetro na forma e ângulo das facetas.
Esses avanços não apenas melhoraram a qualidade visual das gemas, mas também seu valor.
Estilos de Lapidação e Seus Efeitos Mágicos

Cada tipo de lapidação tem sua própria personalidade, afetando a maneira como a luz interage com a gema e, consequentemente, sua aparência.
Como este assunto tem milênios de história, claro que existem diversas formas de se classificar a lapidação.
Portanto, vamos em um primeiro momento separar lapidação, como gênero, dos cortes, como espécies.
- Lapidação plana: é a mais antiga e a mais conhecida, identificada por produzir diversos planos (facetas) na superfície da pedra. Busca-se a reflexão interna da luz incidente ou a mera exibição do interior da pedra. Sempre possui um ou mais eixos de simetria no trabalho final. Normalmente usada para pedras transparentes a translúcidas.
- Lapidação cabochão: o trabalho final apresenta uma superfície arredondada e lisa. As variações, perpendiculares ao eixo de menor dimensão da pedra, permitem que um desses lados sejam plano, côncavo ou convexo. Também têm um ou mais eixos de simetria.
- Lapidação côncava: estilo de lapidação relativamente recente, produz facetas côncavas na superfície da pedra, buscando novos efeitos visuais para o observador. Normalmente, complementa a gema trabalhada na lapidação plana.
- Lapidação orgânica: também recente, formas arredondadas são usadas para exibir características únicas da peça trabalhada. Pode não existir um plano de simetria do trabalho.
Onde o limite é a criatividade do lapidário, sempre surgem trabalhos que juntam uma ou outra das características descritas acima.

Agora, vamos conhecer alguns dos cortes mais populares:
- Brilhante: Considerado o rei dos cortes, a lapidação brilhante possui 57 ou 58 facetas cuidadosamente calculadas para maximizar o brilho e o fogo da gema. Quando executado corretamente, esse corte pode refletir até 98,6% da luz incidente.
- Esmeralda: Com suas longas facetas retangulares e arestas chatas, o corte esmeralda destaca a clareza e a cor das gemas de maior tamanho, como a esmeralda propriamente dita e o zircão cúbico. É importante notar que, devido às suas grandes facetas, as gemas lapidadas nesse estilo são mais suscetíveis a riscos. Mas é como uma janela para a alma da pedra.
- Oval e Marquise ou navete: Esses cortes são ótimos para gemas de cor, pois alongam a aparência da pedra e intensificam sua tonalidade. Uma piada comum entre gemologistas? “Uma marquise bem lapidada é como aquele vestido preto básico: nunca sai de moda.”
- Princesa: O corte princesa combina o brilho do brilhante redondo com a elegância das linhas retas, mas aplicado a pedras quadradas ou retangulares. Esse corte tem sido uma das preferências para noivados nas últimas décadas.
Escolhendo o Corte Perfeito para Sua Gema

A escolha do corte ideal depende de vários fatores, incluindo a forma natural da gema, sua cor, clareza e dureza.
Por exemplo, gemas com muitas inclusões podem se beneficiar mais de cortes com menos facetas, que escondem melhor essas imperfeições.
Já pedras com cores intensas podem destacar-se melhor em cortes que maximizem a área de superfície plana, como o corte esmeralda.
Tendências Recentes e Inovações
Com o avanço tecnológico, novos cortes estão sempre surgindo.
Por exemplo, o corte “Crisscut”, criado e patenteado por Christopher Slowinski, utiliza 77 facetas para criar um efeito de brilho ainda mais intenso.
Estudos mostram que gemas lapidadas com novas técnicas podem aumentar seu valor de mercado em até 30%.
Conclusão: A Lapidação como uma Ponte Entre o Passado e o Presente
Cada joia lapidada é uma obra de arte única, fruto da combinação de habilidade artesanal, conhecimento técnico e paixão pela beleza natural.
Ao admirar o brilho intenso de um brilhante, a profundidade de uma esmeralda bem lapidada ou o charme de um rubi princesa, estamos não apenas apreciando a estética da peça, mas também reconhecendo a história milenar por trás dela.
A lapidação de gemas é uma arte que transcende o tempo, conectando-nos com as civilizações antigas que primeiro descobriram o encanto dessas pedras preciosas e com os artesãos modernos que continuam a aprimorar essa técnica ancestral.
Ao escolher uma joia lapidada com cuidado e conscientemente, estamos não apenas adquirindo um acessório de moda, mas também um pedaço da história da humanidade.
E você, já parou para pensar na história por trás da sua joia favorita? Como escolheu o corte e a gema que a compõem?
Compartilhe sua história conosco nos comentários e descubra como podemos te ajuder a encontrar a próxima peça que vai contar sua história de forma única e especial.